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O Eneagrama

É um mapa de consciência milenar que nos ajuda a compreender:

Quem somos na Essência;

Como o nosso Ser e a nossa individualidade se estruturam por meio de um padrão típico de personalidade e de uma identidade egóica específica;

Como a nossa personalidade, o nosso jeito típico de sentir, pensar e agir, influencia na relação que temos com nós mesmos, com as outras pessoas e com o mundo.

O que podemos fazer para nos libertarmos dos padrões mentais, emocionais e comportamentais repetitivos da personalidade e acessarmos mais o estado natural de liberdade, espontaneidade e fluidez da Essência.

O eneagrama é representado pelo símbolo acima, composto por um círculo, um triângulo equilátero (com três lados iguais) e uma héxade (uma figura de seis pontas). O circulo representa a Essência humana, da qual faz parte o nosso Ser, a nossa consciência capaz de se perceber como um eu integrado com o todo da vida. O triângulo representa as três formas pelas quais a Essência e o Ser se manifestam na existência: um corpo que age no mundo, um coração que se conecta com as necessidades sentindo as experiências e uma mente que pensa e interpreta a realidade para tentar compreender e lidar com ela. A héxade representa o fato de que a manifestação do Ser e da Essência por meio de pensamentos, sentimentos e ações é um processo. Isto significa que, a cada momento um novo desafio surge, uma nova necessidade é gerada e, consequentemente, o Ser precisa acessar um novo sentir, pensar e agir para conseguir lidar com o movimento constante e dinâmico que é a vida.

A palavra eneagrama deriva das palavras gregas ennea (que significa nove) e gramma (que significa pontos, pontas). O significado literal de eneagrama é figura ou diagrama de nove pontas ou pontos e faz referência a idéia de que a nossa Essência e o nosso Ser se expressam na vida por meio de nove formas principais. Cada um dos nove pontos representa uma forma de sentir, pensar e agir que o Ser pode vivenciar na existência, compondo nove estruturas básicas de funcionamento, nove traços de personalidade. Todos nós temos estes nove traços como parte do todo que somos, mas cada pessoa tem um deles como o seu Traço Principal do eneagrama (ou como o seu TNA – traço mais natural do eneagrama, outra forma de se referir a ele). Conhecer o nosso TNA ajuda a compreender nossas potencialidades naturais e também nossas limitações, ampliando a visão sobre porque na Essência somos tão parecidos uns com os outros, mas na prática somos tão diferentes.

Além deste conhecimento dos nove traços que o eneagrama revela, ele também mostra que temos centros de inteligência diferentes que podem estar funcionando integrados ou fragmentados. O centro de inteligência espiritual está situado no círculo do eneagrama e faz referência à nossa capacidade de sermos conscientes de nós mesmos e de tudo que está fora de nós. Sempre que desenvolvemos a inteligência espiritual ampliamos nosso nível de consciência, nos aproximamos mais da nossa Essência e sentimos o nosso Ser mais integrado. O centro de inteligência emocional é representado pelo ponto 3 do eneagrama e faz referência à nossa capacidade de sentir e se conectar. O centro mental é representado pelo ponto 6 do eneagrama e faz referência à nossa capacidade de pensar, compreender e criar estratégias para lidar com as situações. O centro físico é representado pelo ponto 9 do eneagrama e faz referência à nossa capacidade de agir no mundo intervindo nele. Nos conhecermos por meio dos centros de inteligência ajuda a entender quais partes do Ser usamos mais ou menos e a criar caminhos para funcionar na vida com todas estas partes unidas, integradas.

O eneagrama ainda explica como lidamos com as necessidades básicas da existência por meio do conhecimento dos três instintos básicos do ser humano. Segundo este mapa de consciência temos um instinto de autopreservação (um impulso inato para preservar nossa vida, garantindo nossa segurança, bem-estar e saúde), um instinto sexual ou um a um (um impulso inato para estabelecer vínculos de intimidade e reciprocidade com pessoas específicas) e um instinto social (um impulso inato para fazer parte e se sentir pertencente a grupos). Compreender como cada instinto nos influência revela para onde tendemos a direcionar mais ou menos nossa atenção, nossa energia e nossas ações.
Juntos, os 9 traços, os 4 centros de inteligência e os três instintos compõem as três chaves de autoconhecimento do eneagrama, as quais abrem as portas para um autoconhecimento prático e profundo e para um processo transformador de autodesenvolvimento, de crescimento pessoal e espiritual.

Um pouco de cada uma das três chaves de autoconhecimento do Eneagrama

Os 4 centros de inteligências

Centro físico:
No aspecto positivo, as pessoas que utilizam mais a inteligência do centro físico tendem a ter facilidade para responder prontamente aos desafios que a vida coloca em cada aqui e agora, sabendo acessar a vitalidade e a energia necessárias para manifestar as suas ações. No aspecto negativo, elas tendem a serem mais impulsivas no agir, muitas vezes sendo dominadas pelo sentimento da raiva e pela necessidade de defender seu espaço e seu eu.

Centro emocional:
No aspecto positivo, as pessoas que utilizam mais a inteligência do centro emocional tendem a serem empáticas e a terem facilidade em se conectar com os sentimentos seus e das outras pessoas. No aspecto negativo, ela tendem a serem dominadas pelas emoções que estão sentindo, muitas vezes reagindo emocionalmente e de forma precipitadas nas situações, presas a uma preocupação com sua imagem perante as outras pessoas.

Centro mental:
No aspecto positivo, as pessoas que utilizam mais a inteligência do centro mental tendem a ser mais ponderadas e racionais diante dos desafios e intempéries da vida e das relações, conseguindo ter autocontrole emocional e pensar antes de agir. No aspecto negativo elas tendem a paralisar e atrasar as ações necessárias por pensarem em excesso e ficarem cheias de medos e dúvidas.

Centro espiritual:
Quando equilibramos os centros mental, emocional e físico integramos o nosso Ser e acessamos a nossa consciência espiritual. Nestes momentos, o sentir, o pensar e o agir ficam alinhados e somos capazes de funcionar com todas estas partes unidas, enxergando a nós mesmos e às situações com mais clareza e inteireza. O centro espiritual é ativado justamente quando ampliamos o nosso estado de consciência, enxergando e lidando com a vida com o todo que somos.

Os 3 instintos

Autopreservação:
As pessoas com o instinto de autopreservação dominante costumam ter uma facilidade em estruturar e organizar a sua vida prática, especialmente em questões como saúde, alimentação, segurança, bem-estar e conforto, estudo, trabalho e vida financeira. Entretanto, tendem a se preocuparem demais com estas questões, muita vezes, negligenciando outros aspectos da vida como a vivência social e os momentos de lazer e descontração com as pessoas da sua intimidade. Já as pessoas com este instinto menos desenvolvido, costumam se desgastar demais com estas questões práticas e necessárias para a sobrevivência, muitas vezes não conseguindo cuidar adequadamente delas.

Sexual (um a um):
As pessoas com o instinto sexual dominante costumam ter uma facilidade para criar e manter vínculos de intimidade porque se interessam e cuidam das necessidades daqueles com quem se relaciona muito próximo. Entretanto, podem tornar-se dependentes emocionalmente (e até em outros aspectos da vida) destas pessoas porque precisam demais de atenção exclusiva delas. A depender do nível de insegurança e fragilidade que estão sentindo, podem até ser negligentes com sua vida social e com as questões de autopreservação porque agem em função de como as pessoas eleitas por ela vão reagir. Já as pessoas com este instinto menos desenvolvido, costumam evitar muita proximidade com as pessoas porque se sentem desconfortáveis para partilhar sua intimidade e suas vulnerabilidades, algo importante para aprofundar os vínculos.

Social:
As pessoas com o instinto social dominante costumam ter uma facilidade para mover-se nos diversos grupos sociais que fazem parte da sua convivência, por terem um interesse genuíno nos fenômenos e experiências sociais. Entretanto, tendem a se preocupar demais com sua imagem social e podem fazer as escolhas em função de serem bem-vistas pelos outros. Muitas vezes, não cuidam adequadamente da sua autopreservação ou das relações mais próximas porque estão sempre ocupadas e cheias de compromissos sociais. Já as pessoas com este instinto menos desenvolvido, costumam terem dificuldades para estabelecer relacionamentos em grupos porque se sentem desconfortáveis e tímidas, podendo até se retraírem e se isolarem para evitar este tipo de experiência e sensação.

Os 9 traços

TNA 1:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa muito correta, justa e responsável, que se esforça bastante para melhorar a si mesma e o mundo à sua volta. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser perfeccionista, crítica, exigente e inflexível nas suas idéias, comportamentos e hábitos de vida.

TNA 2:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa atenciosa, cuidadosa, amável e gentil. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a se preocupar demais com ser legal e agradar ou não desagradar as pessoas, muitas vezes, se magoando com facilidade quando sente que fez demais pelos outros e não foi reconhecida.

TNA 3:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa dinâmica, agil, prática, realizadora, versátil e adaptável. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser competitiva, a se preocupar demais com reconhecimento e sucesso, e a fazer coisas demais ao mesmo tempo.

TNA 4:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa criativa, sensível, autêntica e com uma capacidade de se encantar com as pequenas belezas da vida. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser emocionalmente instável, a se queixar e a fazer dramas, a se comparar demais com os outros, e a fantasiar as situações e pessoas as idealizando positiva ou negativamente.

TNA 5:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa sensata e ponderada, inteligente e cheia de conhecimentos, alguém capaz de ficar bem só e com bom autocontrole das suas emoções e comportamentos. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser racional demais, a agir de maneira seca e fria com as pessoas, a se isolar nas relações evitando expor o que sente e vivencia no seu íntimo, podendo até ser intelectualmente arrogante (achar que é melhor porque sabe mais do que os outros sobre certos assuntos que domina).

TNA 6:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa leal e comprometida com pessoas e causas, que transmite muita segurança e confiabilidade, que é antenada e perspicaz, capaz de questionamentos aguçados e certeiros. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser insegura e desconfiada, cautelosa e preocupada demais, muitas vezes, não conseguindo agir ou arriscar porque precisa de muita confirmação, orientação ou apoio para sentir confiança e dar os passos que precisa.

TNA 7:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa alegre, espontânea, brincalhona, entusiasmada com a vida, otimista e idealista. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser agitada e eufórica, dispersa e com dificuldade de terminar o que começa, que extrapola nas brincadeiras e na busca de prazer e satisfação, que pode ser insensível consigo mesma e com as outras pessoas porque evita entrar em contato com o que é desconfortável, repetitivo ou gera dor e sofrimento.

TNA 8:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa guerreira e protetora, determinada e cheia de garra, sincera e verdadeira, que sabe expressar o seu poder pessoal e suas vontades, dando limites quando necessário. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser agressiva com palavras ou gestos, intolerante, mandona, brigona, que fala o que sente sem pensar nas consequências, muitas vezes, exagerando na intensidade e sendo dura demais.

TNA 9:
Quem tem este traço como principal costuma ser uma pessoa calma e paciente, doce e harmoniosa, que sabe se adaptar e ceder quando é necessário, que tem facilidade em pacificar e ser diplomática. Entretanto, quando não está bem ou saudável, tende a ser passiva demais e não se posicionar perante os conflitos, a ser desatenta com os compromissos e relações porque tem distrações e esquecimentos constantes, a se acomodar às pessoas e situações para tentar manter a harmonia e paz nos relacionamentos.

O Eneagrama Integrativo

Tradicionalmente, o trabalho de eneagrama é focado em identificar a nossa estrutura básica de funcionamento por meio das suas três chaves de autoconhecimento. Isto significa descobrir: 1) qual o nosso traço principal e alguns traços próximos a ele que tendem a nos influenciar bastante; 2) qual o nosso centro de inteligência dominante (aquele que mais nos influencia); 3) qual a nossa hierarquia de instintos (qual instinto é dominante em mim, qual é pouco desenvolvido e qual é usado de uma forma mais equilibrada). Isto é chamado por André Prudente de Eneagrama do Padrões, o eneagrama que revela as nossas tendências principais.

Entretanto, ao longo da sua jornada de autodescoberta e de trabalho com o eneagrama, André percebeu que, apesar de termos padrões mais típicos de funcionamento, todos os traços, centros de inteligência e instintos nos influenciam ao longo da vida. Assim que seu deu conta disto, começou a investigar como cada aspecto do eneagrama, independente se é um dos padrões principais da pessoa, está afetando ela positiva ou negativamente. Ele chamou isto de Eneagrama Fenomenológico porque consiste no processo de observar qual fenômeno (qual traço, centro de inteligência ou instinto), naquele momento, contexto ou fase, está se manifestando naquele indivíduo. Assim, independente se é um padrão principal da estrutura básica da personalidade ou um padrão mais secundário, o padrão que está aparecendo no aqui e agora, é o que precisa ser olhado e cuidado.

A junção do Eneagrama dos Padrões com o Eneagrama Fenomenológico ajudou André a consolidar a sua abordagem Integrativa do eneagrama. O objetivo do Eneagrama Integrativo não é simplesmente perceber os padrões básicos, mas sim olhar para as pessoas com o eneagrama inteiro. Afinal, se somos o eneagrama inteiro, precisamos estimular em nós a luz de todos os traços, centros e instintos e necessitamos cuidar também das distorções de cada um destes aspectos em nós.